RELEASES EMPRESARIAIS

QUINTA-FEIRA, 16 DE AGOSTO DE 2018 - Horário 14:35

Elas representam 52% do eleitorado, mas apenas 14% conseguem se candidatar, informa TSE
Eleições / De acordo com informações do Tribunal Superior Eleitoral, até o momento, oito Estados não terão representação feminina no quadro de partidos políticos, para a disputa de cargos nos governos estaduais.

Um levantamento realizado no sistema CespespData, que organiza as informações oficiais disponibilizadas pelo TSE, em Alagoas, Amapá, Amazonas, Ceará, Mato Grosso, Pará, Rio Grande do Sul e Rondônia só há candidaturas de homens ao Executivo. As chapas podem mudar até amanhã (17) seus quadros, mas as perspectivas são negativas, com desistências em mais estados, por falta de apoio partidário. Inclusive para disputas de vagas no Legislativo.

Resistência feminina e aliados políticos

"Nós não somos uma cota. Os partidos precisam começar a enxergar as mulheres como força política. O sistema atual precisa passar por uma reforma estrutural que favoreça a inserção de novas lideranças", afirma Marlene Campos Machado, presidente nacional do PTB Mulher - movimento que conta com mais de 550 mil filiadas em todo o país.

Líder de movimentos suprapartidários, que militam por uma maior participação das mulheres na política nacional, Marlene foi anteriormente cogitada como vice do candidato ao governo do Estado de São Paulo pelo PSB, Márcio França. Agora, ela disputará uma vaga como Deputada Federal pelo PTB-SP.

"As bandeiras femininas são muitas das que candidatos [homens] defendem em Brasília. Por exemplo, vemos um parlamento federal que não briga pelos municípios, mas sim pelos próprios interesses. O que eu quero na Câmara dos Deputados é quebrar regras, mudando leis para mudar a situação de abandono em que os municípios estão vivendo. Outra bandeira importante é da Reforma Tributária, presente só no papel", concluiu a candidata.

Participação das mulheres no Parlamento está abaixo da média mundial

O ranking sobre a presença feminina no Parlamento, organizado pelo Projeto Mulheres Inspiradoras, mostra que o Brasil está atualmente 28% abaixo da média mundial, se compararmos com os índices de 1990. O estudo que utiliza dados do Banco Mundial coloca o Brasil na 115ª posição entre 138 países, e indica que 95,8% das mulheres que se candidataram em 2014 e 2016 não foram eleitas. Nas últimas eleições para vereadoras, a média percentual de candidatas com menos de dez votos nominais foi de 34,70%.

Uma realidade constrangedora

Outra ativista pela presença das mulheres na política, a empresária Cristina Roberto, comenta sobre o atraso político no Brasil. "Nossa representação é nada menos do que a metade da representação feminina na Arábia Saudita (20,3%), país onde a mulher conquistou o direito de dirigir recentemente e ainda usa véu e burca. Estamos atrás, muito atrás de Ruanda, país com maior representação de mulheres no Parlamento, com 61,3%, do segundo lugar, a Bolívia (53,1%) e de Cuba (48,9%), o terceiro colocado no ranking", finaliza.

PEC pela cota na política aguarda análise

Desde 2015, a PEC 98 (Proposta de Lei Complementar) de cotas para mulheres na política permanece paralisada na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado. Para muitas candidatas, essa conquista ainda levará mais tempo, por falta de interesse político de quem está em Brasília.

* Thiago Jorge
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