RELEASES EMPRESARIAIS

QUINTA-FEIRA, 25 DE OUTUBRO DE 2018 - Horário 16:42

O Zen e a Arte da Transformação Digital
Software / Nos meus mais de 20 anos de experiência implantando diversos sistemas em empresas nacionais e multinacionais, pude notar que o denominador comum a todos esses processos se chama monitoramento.

Monitorar a linha de produção, monitorar a qualidade de um produto, monitorar a execução de uma atividade. Implementar sistemas que evidenciam como um processo pode ser melhorado, aperfeiçoado. Afinal, como alguém já disse: "quem não mede, não controla" ou, mais popularmente: "o olho do dono engorda o gado".

Sempre tive comigo o estigma de implantar sistemas "dedos-duros", que revelam a improdutividade, tarefas duplicadas, tarefas manuais e outras ineficiências. Já enfrentei muitas reuniões nas quais as pessoas eram resistentes às mudanças que o monitoramento mostrava e, consequentemente, o apego às zonas de conforto consequentemente desapareciam.

Essa sensação, no entanto, sempre foi compensada pelo progresso e pelo sucesso dessas empresas, após a adoção desses controles. Na verdade, sinto um prazer muito grande ao revisitar esses clientes e saber que pude contribuir um pouco com isso.

Por outro lado, aprendi nesse tempo também que é inevitável entender o fator humano. Porque existe um tabu de que a mudança é sempre positiva, mas é preciso lembrar que ela também abre espaço para incertezas, ansiedades, medo e, em estágios mais graves, até ao desespero.

Nesse momento, uma ciência tão exata quanto a computação precisa trabalhar junto ao lado humano, funcionando como uma interface que nos faça compreender o outro e respeitar o processo de implantação e a condição individual. Afinal de contas, do que vale toda essa automação se deixarmos de ser humanos no final do processo?

Da mesma forma que um médico salva vidas, engenheiros civis constroem casas, advogados ajudam a estabelecer os contratos sociais, entendo que os "computeiros" têm a nobre missão de trazer luz às atividades humanas - comunitárias, empresariais e políticas - expondo seus vícios e suas ineficiências para que possamos ter a oportunidade de corrigi-las. Afinal, o avanço da transformação digital deve ter como objetivo ajudar na construção de uma sociedade mais justa, sustentável e humana. Precisamos lembrar disso todos os dias.

Por Marciel Horie, Gerente de Práticas de Transformação Digital da KPIT Technologies
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