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QUARTA-FEIRA, 12 DE DEZEMBRO DE 2018 - Horário 18:00

Smartphones podem ajudar a combater o analfabetismo?
Tecnologia / A Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) publica, periodicamente, relatórios sobre o uso de telefones e celulares nas regiões mais pobres do mundo. Em um desses estudos, intitulado Reading in the Mobile Age, a entidade concluiu que, apesar de smartphones ainda serem usados ??principalmente para comunicação básica, eles também são, cada vez mais, uma porta de entrada para textos longos.

Embora soe estranho, há uma explicação para essa conclusão: os celulares são um item muito mais presente na vida da maioria da população mundial do que, digamos, banheiros! Segundo as Nações Unidas, apenas 4,5 bilhões de pessoas têm acesso a um banheiro com água encanada. Já os celulares são usados por mais de 6 bilhões de pessoas em todo o mundo. Vejamos a Índia, por exemplo: enquanto metade da população possui pelo menos um celular em funcionamento, menos de 1/3 de sua população tem água encanada em casa.

Para comprovar os números, os pesquisadores da UNESCO entrevistaram mais de 4.000 pessoas em sete países (Etiópia, Gana, Índia, Quênia, Nigéria, Paquistão e Zimbábue) e também realizaram várias entrevistas qualitativas. Eles ouviram relatos de mulheres e homens, meninas e meninos que leram mais de um livro em telefones celulares, que podem ser comprados por menos de US$ 30,00. A penetração do celular é maior que a do livro, já que nos países subdesenvolvidos o acesso a obras físicas é um privilégio para poucos. Na Nigéria, onde há uma biblioteca para cada 1,3 milhão de pessoas e o analfabetismo é uma realidade que atinge 40% da população, o primeiro contato de muitas pessoas com textos só é possível por meio do telefone celular.

O uso de smartphones como meio de difundir a leitura poderia ter maior eficácia caso a internet fosse mais acessível. Na África, por exemplo, apenas 7% dos domicílios estão conectados à internet, em comparação com 77% na Europa. Dessa forma, a ampliação da leitura para a maioria da população que não está conectada é mais lenta, uma vez que dependem do sinal de lojas ou locais públicos com acesso wi-fi.

É importante ressaltar que o processo de alfabetização envolve não só a leitura como a interpretação dos textos lidos, tarefa que normalmente conta com auxílio de um professor. A ausência de alguém que possa tirar as dúvidas de quem lê por conta própria nas regiões citadas - onde o ensino é defasado e há pouquíssima oferta de bibliotecas públicas - contribui para a alfabetização precária de parte da população. Ainda assim, os smartphones podem ser a única chance de contato com a leitura para muitas pessoas.

A baixa alfabetização afeta 758 milhões de adultos no mundo e certamente os smartphones não resolverão o problema. Mas, na era da conexão, a tecnologia pode ser uma aliada para superar desafios prementes como este.

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