QUARTA-FEIRA, 10 DE JULHO DE 2019 - Horário 12:16
Rio de Janeiro realizou apenas 30 cirurgias para tratamento da obesidade pelo SUS em 2018
Ciência & Saúde / Os mais recentes dados do Sistema de Informações Hospitalares do Ministério da Saúde (SIH/SUS) apontam que foram realizados apenas 30 cirurgias bariátricas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), em 2018, no Rio de Janeiro.
Ao todo, segundo o Departamento de Regulação Avaliação e Controle do Ministério da Saúde, apenas dois hospitais são habilitados para realizar a cirurgia para tratamento da obesidade pelo SUS no estado: o Hospital Federal de Ipanema e o Hospital Universitário Clementino Fraga Filho.
No entanto, o Hospital Carlos Chagas, possui um Programa Estadual de Cirurgia Bariátrica, cujos os números não são contabilizados pelo SUS, uma vez que o Hospital possui modelo diferenciado de assistência pública ao paciente bariátrico. Atualmente, cerca de 1 mil pacientes estão na fila do programa estadual para a realização de cirurgia bariátrica
DEMANDA NO RJ - Dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) apontam o estado do Rio como o terceiro do Brasil em número de pessoas que têm indicação para a cirurgia de obesidade (bariátrica) ou para o controle do Diabetes Tipo 2 (cirurgia metabólica). São 448 mil cariocas. Já com os critérios para realizar o procedimento via Sistema Único de Saúde (SUS), a população elegível é de 300 mil.
Outro fator preocupante é que Rio de Janeiro lidera o ranking nacional em número de pessoas com Diabetes no Brasil. A doença atinge 10,4% da população, ou seja, cerca de 62,4 mil pessoas segundo dados da Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel). O percentual de homens e mulheres do Rio de Janeiro (RJ) que apresentaram diagnóstico médico de diabetes aumentou quase 50% entre os anos de 2006 e 2017.
De acordo com o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), Marcos Leão Vilas Bôas, o diabetes, assim como a hipertensão e colesterol alto, estão diretamente ligados ao excesso de peso e a falta de hábitos saudáveis.
"O diabetes tipo 2 caminha junto com a obesidade. Precisamos democratizar o acesso à cirurgia bariátrica e metabólica, oferecendo o melhor tratamento para o grande número de pessoas que necessitam de atenção e tem sua qualidade e expectativa de vida reduzidas", diz Marcos Leão Villas Bôas.
CIRURGIA PARA DIABETES, QUEM PODE OPERAR - Segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM), podem realizar a cirurgia metabólica pacientes com diabetes tipo 2, IMC entre 30 e 34,9, entre 30 e 70 anos e que não tiveram sucesso como tratamento clínico, entre outros pré-requisitos. "Embora exista um perfil pré-estabelecido, é essencial que o paciente procure por especialistas para avaliar sua situação específica", informa o cirurgião bariátrico do Rio de Janeiro e vice-presidente da SBCBM, Fábio Viegas, que é responsável pelo Centro de Excelência em Cirurgia Bariátrica do Hospital Copa D'or.
A Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica lançou uma campanha para informar a população sobre a eficácia da cirurgia metabólica para os pacientes diabéticos. Através do site www.vidanovametabolica.org.br as pessoas com Diabetes Tipo 2 podem saber mais sobre o procedimento.
Segundo Fábio Viegas, a cirurgia metabólica possibilita a remissão de diversas doenças. "O procedimento é capaz de tratar o diabetes, hipertensão arterial e triglicérides, entre outras doenças associadas à obesidade. A cirurgia metabólica é semelhante a cirurgia bariátrica, mas a redução do peso fica em segundo plano", explica Viegas que no próximo dia 13 de julho, será um dos palestrantes de evento promovido pela Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) e que irá abordar a Cirurgia Metabólica como opção terapêutica para o Diabetes. Os debates acontecem no Auditório do Hospital Pró-Cardíaco, das 9h às 11h30.
A cirurgia metabólica ainda não é oferecida pelo SUS ou pelos planos de saúde. A SBCBM tem iniciativas junto à Agência Nacional de Saúde e Ministério da Saúde para que a operação seja implementada no rol de procedimentos cobertos.
Também é uma iniciativa da SBCBM que o SUS aumente o número de cirurgias realizadas de forma minimamente invasiva - por videolaparoscopia -, além de oferecer bariátricas em estados que ainda não tem cobertura.
DADOS NACIONAIS - O Brasil é o quarto país do mundo com maior número de diabéticos, atrás apenas da China, Índia e Estados Unidos, de acordo com a Federação Internacional do Diabetes. Já a obesidade atingiu 39,5 milhões de brasileiros em 2017, quantia 78% maior que em 2006. Além disso, 69.3% do total de mortes são atribuídos a doenças crônicas não transmissíveis, como doenças cardiovasculares (30,4%), neoplasias (16.5%), doenças respiratórias (6,0%) e o diabetes (5,3%) - muitas associadas à obesidade.
A cirurgia realizada imediatamente após sua indicação contribui para a cura ou remissão de diversas doenças associadas à obesidade como, por exemplo, a hipertensão, problemas nas articulações, coluna e diabetes tipo 2. Em todo o Brasil cerca de 4 milhões de pessoas têm indicação para a cirurgia bariátrica e metabólica. No Sistema Único de Saúde o número cai para 3 milhões.
Website: https://www.sbcbm.org.br/