RELEASES EMPRESARIAIS

QUARTA-FEIRA, 9 DE OUTUBRO DE 2019 - Horário 16:10

Desafios de equidade de gênero no mundo corporativo e a experiência de uma executiva multicultural
Negócio /

Somente 26% das mulheres ocupam cargo de liderança contra 74% dos homens, é o que diz a pesquisa elaborada pela consultoria global Great Place to Work (GPTW) em sua última pesquisa em 2018, considerando executivos de 165 grandes empresas que atuam no Brasil.

Em entrevista, Cynthia Catlett – Senior Managing Director da FTI Consultoria, fala um pouco sobre sua participação na luta por equidade de gênero, como e quando surgiu seu envolvimento no tema e como ela entende que será possível eliminar essa disparidade de representatividade e remuneração entre homens e mulheres no mundo corporativo.

Ao ser questionada sobre como se envolveu e de onde surgiu seu anseio de luta por equidade de gênero, Cynthia ressaltou:

“Fui criada em uma casa multicultural, meu pai dos Estados Unidos, minha mãe brasileira. Cresci entre os dois países. Tive acesso a duas culturas de forma simultânea e as diferenças aparentes de cada cultura. Com dezoito anos, já na época de ir para a faculdade nos EUA, eu optei por ir para uma faculdade só de mulheres em Washington, DC. Consegui uma bolsa para um programa chamado “Women, Power and International Leadership”. Incrível pensar que já faz duas décadas que tomei essa decisão, mas ela foi muito importante para eu encontrar o “meu eu”. Existem estudos que demonstram que mulheres que estudam em faculdades composta apenas por mulheres tendem a exercer cargos de liderança com maior facilidade. Nos Estados Unidos, 20% das mulheres que ocupam cargo no Congresso estudaram em faculdades exclusivamente femininas.

Cynthia acredita que para realmente mudar as estatísticas e ter inclusão, é imprescindível pensarmos em equidade, uma vez que, cada indivíduo será tratado considerando sua natureza particular e desta forma será julgado com retidão e justiça. Já a igualdade se refere a situações idênticas e equivalentes para todas as pessoas e situações. A participação de Cynthia na luta por equidade de gênero é uma parte significativa da sua atuação profissional. A executiva também é responsável no Brasil pelo programa FTI WIN, um grupo de empoderamento feminino global, que já existe na FTI Brasil há pouco mais de quatro anos. Ela explica que o objetivo do grupo é fomentar discussões sobre questões recorrentes no mundo corporativo que tangem igualdade e equidade de gênero. Esse grupo é um grupo composto por executivas da FTI Consulting e outras executivas, conselheiras, e advogadas, primordialmente. Ele é um grupo que promove discussões de compartilhamento de experiências e networking.

Ao ser questionada sobre pontos críticos dessa temática que precisam ser trabalhados, ela comenta:

“Na FTI, o número de mulheres em cargos de liderança tem aumentado significativamente. Nos últimos quatro anos (2015 a 2018) aumentou 81% em comparação com o período de quatro anos anterior (2011 a 2014). A companhia tem investido e apostado no potencial das mulheres da organização, o que é essencial para a efetivação da equidade de gênero no ambiente de trabalho”.  Mesmo assim, comenta que “... ainda tem muito a ser feito”, hoje compomos apenas 15% do cargo mais alto da companhia de Senior Managing Director.

Cynthia comentou sobre o caso da Inglaterra, que tem sido bastante atuante no tema: “A Inglaterra tem conseguido de uma forma bem transparente mudar e avançar a discussão sobre representatividade e desigualdade em remuneração entre homens e mulheres. Essa mudança veio através de exigências realizadas pelo governo britânico em 2018, no qual, as empresas são obrigadas a apresentarem relatórios sobre a disparidade salarial entre homens e mulheres.”.

Cynthia conclui que métricas precisam ser criadas, divulgadas e acompanhadas para mudar o cenário. Só assim, endereçando a temática de forma verdadeira nas organizações, haverá um avanço sobre o tema. Não podemos nunca esquecer que a diversidade traz a criatividade e inovação, pois são colocados diversos pontos de vistas, melhorando assim o negócio da companhia e por consequência até mesmo sua lucratividade.  Como reflete Cynthia citando uma organização de empoderamento nos EUA (a National Center for Women & Information Technology), “A ideia que você não tem é a voz que você não ouviu.”



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