RELEASES EMPRESARIAIS

SEGUNDA-FEIRA, 22 DE MARÇO DE 2021 - Horário 10:54

Primeiro livro sobre cuidados transdisciplinares da saúde do público LGBTQIA+ é lançado
Ciência & Saúde / Um dos raros livros a tratar de temas pertinentes à saúde e comportamento de LGBTQIA+ (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, pessoas Queer, intersexos, assexuais e todas as demais variedades da sexualidade humana) em linguagem direta, sem meias palavras e sem deixar de contemplar aspectos técnico-científicos que regulam a realidade deste público. Assim pode ser definido o lançamento da editora Manole "Saúde LGBTQIA+: Práticas de Cuidado Transdisciplinar", dos médicos Saulo Vito Ciasca, Andrea Hercowitz e Ademir Lopes Junior. "É uma obra realmente transdisciplinar, que chega para revolucionar a preparação das equipes de saúde", define o psiquiatra Saulo Vito Ciasca, que há mais de dez anos se dedica ao estudo do tema.

Indicado para docentes, estudantes de graduação e pós-graduação, residentes e profissionais da saúde, o objetivo deste trabalho exclusivo é chamar a atenção sobre a necessidade de um olhar diferenciado e de um cuidado integral com o grupo. Para tanto, reúne profundo conhecimento sobre saúde e comportamento LGBTQIA+, contextualizando o cenário da assistência à saúde no Brasil.

Trata-se de um livro corajoso, que aborda, inclusive, temas tradicionalmente negligenciados na formação e prática de quem atua na área: infância e adolescência com variabilidade de gênero, parentalidade, conjugalidade e envelhecimento LGBTQIA+, cuidados no sexo anal e vulva-vulva, prazer sexual, uso de acessórios, saúde trans, intersexo, pessoas não binárias e assexuais, prazer e acessórios sexuais são alguns dos muitos exemplos. Além disso, os autores elencam doenças e queixas mais comuns entre os LGBTQIA+, bem como condutas ambulatoriais e tratamentos adequados.

"Saúde LGBTQIA+: Práticas de Cuidado Transdisciplinar" também inclui aspectos específicos, como os cuidados com pessoas que se encontram em condições de maior vulnerabilidade, como LGBTQIA+ negras, indígenas, profissionais do sexo, pessoas em situação de rua e aqueles com restrição de liberdade.

Olhando a realidade de perto, nota-se a importância de um trabalho tão minucioso como o desenvolvido pelos autores: estima-se que o grupo LGBTI+ represente entre 10% e 20% da população brasileira.

Abordagens diversas

A transdisciplinaridade do livro fica clara quando os leitores se deparam com a quantidade de temas de áreas distintas - e não obrigatoriamente correlatas - que é exposta com profundidade acadêmica.

O livro foi organizado em 11 sessões. Na primeira delas, intitulada "Nada sobre nós, sem nós", narrativas reais de pessoas LGBTQIA+ em suas experiências junto ao Sistema Único de Saúde (SUS) que, apesar de já ter passado por melhorias, na opinião dos autores, ainda requer mais conhecimento e preparo por parte dos profissionais de atendimento.

Já na sessão "Saúde sexual e reprodutiva LGBTQIA+" a conversa vai além das disfunções na resposta sexual. "Para se ter uma ideia da importância dessa discussão, existem estudos científicos para dor na relação vaginal, mas não para dor na relação anal", diz Saulo. Da mesma forma, segundo o autor, o CID (Código Internacional de Doenças) menciona estudo sobre a ejaculação precoce na penetração vaginal, mas não na penetração anal. Para ele, esses paradigmas precisam ser rompidos e não apenas na questão física. "A ciência deve investigar, por exemplo, o que leva uma lésbica ou uma pessoa trans à depressão e como ajudá-las adequadamente."

Na sessão "A diversidade na sociedade", há debates contemporâneos sobre Bioética, formação de profissionais e produção científica. "Aqui trazemos também a questão histórica, discutida por um médico, um cientista social e um filósofo: por que a identidade sexual foi patologizada?", questionam os autores.

Um caminho para trabalhar a saúde emocional dos LGBTQIA+ é a identificação dos perfis do grupo nas artes. Por isso, a obra disponibiliza uma série de sugestões de filmes, livros e outras referências, comentadas e analisadas por psiquiatras, mostrando a pluralidade sexual através dos tempos nas manifestações artísticas.

A religião não ficou de fora de Saúde LGBTQIA+: Práticas de Cuidado Transdisciplinar: os autores questionaram lideranças religiosas - padre, monge budista, pastor evangélico, rabino, representante do Islã etc. - convidando-os a responder como a pluralidade de identidades sexuais é vista e recebida em cada uma dessas doutrinas. As respostas são surpreendentes.



Website: https://www.manole.com.br/
© 2014 Todos os direitos reservados a O Globo e Agência O Globo. Este material não pode ser publicado, transmitido por broadcast, reescrito ou redistribuído sem prévia autorização.