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TERÇA-FEIRA, 23 DE NOVEMBRO DE 2021 - Horário 8:52

Lesões de pele são um problema comum em pacientes acamados
Saúde e Bem-Estar /

Em 2018, lesões de pele por pressão foi a terceira categoria de evento mais notificado pelos serviços de saúde no Brasil. Segundo dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), cerca de 20 mil pessoas apresentaram essa condição.

Lesões de pele por pressão são comuns em pessoas que estão restritas ao leito e podem trazer graves complicações aos pacientes, caso não sejam tomadas medidas preventivas. Com a pandemia de Covid-19, o número de pacientes acometidos com forma grave da doença, no período de recuperação, aumentou consideravelmente, o índice de surgimento de lesão por pressão. Em função da importância de se evitar complicações, o dia 21 de novembro foi instituído como o Dia Mundial da Prevenção de Lesão por Pressão.

A exemplo de Cleonice Fátima dos Santos Pascoal, internada na atenção domiciliar para tratamento de lesão por pressão, paciente de 51 anos, acometida pela doença da forma mais grave. Durante o período longo (60 dias) no hospital em função da Covid-19, sendo que em 15 dias desenvolveu uma lesão de pele por pressão que rapidamente se tornou extensa, cavitária com necessidade de tratamento coberturas especiais.

“Foi muito rápido, pois em cerca de 13 dias abriu uma ferida na minha pele que era muita grande e trazia muita dor e desconforto. Ainda no hospital foi solicitado o tratamento com curativo a vácuo (VAC). Em casa, seguimos com o home care e hoje já são ao todo 5 meses de tratamento”, conta Cleonice. “É algo que causa muita dor, desconforto e faz a gente se privar de muita coisa, além dos riscos à saúde. O tratamento em domicílio, com os curativos, trocas de posição e visitas da enfermagem que me proporcionaram que eu conseguisse melhorar e hoje estar quase curada”, complementa.

O que é a lesão por pressão?

A lesão por pressão é um evento adverso relacionado à saúde, caracterizado por um dano na pele ocasionado em regiões com protuberâncias ósseas ou áreas com dispositivos médicos que ficam em tempos prolongados sob pressão. Isso impede a circulação sanguínea e gera a destruição do tecido. O problema acomete principalmente pessoas acamadas, cadeirantes ou aquelas com restrições, ou impossibilitadas de mudar de posição.

A enfermeira Estomaterapeuta Ana Gonzaga, coordenadora do Programa Prevenção e Tratamento de Lesões de Pele da S.O.S. Vida, pontua que estas lesões, decorrente de pressão, quando não tratadas corretamente, podem provocar agravamentos à saúde do paciente, como infecções, comprometimento de órgãos e até morte do indivíduo.

“Aos pacientes acometidos pela Covid-19, a prevenção tem diversos entraves. O risco do desenvolvimento de LP relacionadas a posicionamento no leito, já era relatado como uma das principais complicações e ganhou destaque no contexto da doença. Além disso, muitas vezes o paciente está em uso de equipamentos, como respiradores, oximetria de pulso ou oxigenoterapia, que provocam pressão podendo causar lesão”, aponta Ana Gonzaga.

Segundo a enfermeira da S.O.S. Vida, Mirla Rodrigues, na prevenção dessas lesões é preciso seguir alguns cuidados, como identificar e avaliar diariamente a pele nos locais de risco, como os principais pontos de pressão: cotovelo, dorso, calcâneos, trocanteres (lateral do quadril), maléolos (ossos entre o pé e a perna), glúteos, escápulas, ísquios (ossos das nádegas), occipital (cabeça), orelhas.

“Um sinal de alerta de que é o momento de pedir ajuda para reforçar a prevenção é a vermelhidão. Quanto se percebe que alguma dessas regiões apresenta essa característica é um indicativo de que a pressão pode estar afetando a oxigenação do sangue, podendo gerar a lesão”, detalha Mirla.  

Ana Gonzaga reforça a importância das mudanças de decúbito, ou seja, da posição corporal na cama, uso de suporte que promova a redistribuição de pressão, além de recorrer ao uso dispositivos auxiliares para o posicionamento, tais como coxins (espuma em formato de caixa de ovo) e travesseiros para alívio de pressão.

Essas práticas visam reduzir a pressão em uma única região do corpo. “Também é preciso manter a pele limpa e seca através de higienização com produtos de limpeza adequados, com PH levemente ácido e estabelecer horários (a cada 2 horas ou menos, conforme a necessidade do paciente) e técnicas de reposicionamento”, salienta.

Saúde pública

A alta incidência de complicação relacionada a esse tipo de lesão no mundo é considerada um problema de saúde pública.

O diagnóstico da lesão por pressão é simples, partindo de uma inspeção diária na pele, observando a presença de áreas avermelhadas, não branqueáveis a pressão, comuns em região de proeminências ósseas (sacra, quadril, calcanhares, região dorsal, orelhas).

Para indicar o risco de desenvolvimento de lesões de pele, é utilizada a escala de Braden, ferramenta desenvolvida por Barbara Braden e Nancy Bergstrom, para ajudar os profissionais de saúde a avaliar o risco de um paciente desenvolver úlcera por pressão. As alterações de pele dos pacientes são registradas, acompanhadas e monitoradas, sendo aplicadas as medidas preventivas conforme a necessidade de cada um.

Estima-se que cerca de 59% dos pacientes acamados desenvolvem alterações na pele chamadas lesões por pressão. Para diminuir o número de ocorrências e garantir maior conforto aos seus pacientes, a S.O.S. Vida instituiu o Programa Prevenção e Tratamento de Lesões de Pele. O objetivo do programa é envolver cuidadores, familiares e a equipe multiprofissional para assegurar que todas as medidas de prevenção de lesão sejam seguidas.

 



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