A busca por rejuvenescimento do olhar leva muitas pessoas à blefaroplastia, cirurgia indicada para remover excessos de pele nas pálpebras. No entanto, quando realizada por profissionais sem a formação adequada ou em ambientes despreparados, o procedimento pode resultar em danos funcionais permanentes.

“Recebi recentemente uma paciente bem instruída que operou as pálpebras com profissional não médico e apresentava ectrópio bilateral [pálpebra inferior virada para fora], com queixas de desconforto acentuado após a retirada excessiva de pele. Precisamos enxertar pele para recuperar a anatomia normal das pálpebras”, relata a Dra. Samira Gracielle Pinheiro Cutrim Barbosa, cirurgiã do Hospital de Referência Oftalmológica (HRO), instituição que integra a rede Vision One.

Segundo ela, casos como esse têm se tornado mais frequentes nos consultórios de oftalmologistas especializados em cirurgia plástica ocular.

“Além de complicações estéticas como assimetrias e cicatrizes visíveis, recebemos pacientes com sequelas funcionais, como olho seco grave que não melhora com tratamento clínico, lacrimejamento persistente, alteração da posição da margem das pálpebras e, em casos mais graves, dificuldade ou impossibilidade de fechar os olhos”, explica.

A blefaroplastia, embora seja considerada uma cirurgia de menor porte, deve ser realizada em ambiente com centro cirúrgico, presença de anestesista e protocolos rigorosos de assepsia e antissepsia.

“Essas medidas previnem intercorrências intra e pós-operatórias, como sangramentos, hematomas e infecção no local da cirurgia, que podem comprometer o resultado funcional e estético da cirurgia de pálpebras”, alerta a cirurgiã.

Blefaroplastia lidera cirurgias em 2024, mostra pesquisa

A mais recente pesquisa da International Society of Aesthetic Plastic Surgery (ISAPS) aponta que a blefaroplastia foi a cirurgia plástica mais realizada no mundo em 2024, com mais de 2,1 milhões de procedimentos. No Brasil, foi a terceira mais comum entre todas as cirurgias estéticas realizadas, ficando atrás apenas da lipoaspiração e da cirurgia de aumento das mamas.

Com o aumento da procura, especialistas reforçam a importância da segurança no procedimento. Para a Dra. Samira, a escolha de um local adequado e de um profissional experiente é determinante.

“O paciente deve se atentar a detalhes importantes no processo de triagem cirúrgica, como se foram solicitados exames pré-operatórios adequados, incluindo risco cirúrgico, averiguar se o hospital possui alvará ativo da Vigilância Sanitária e se tem selo de acreditação da Organização Nacional de Acreditação (ONA), que atesta qualidade, segurança e excelência em atendimento”, orienta.

A médica também destaca a importância de escolher criteriosamente o profissional responsável pela cirurgia. “É extremamente importante pesquisar sobre a formação profissional do cirurgião de pálpebras, se possui registro ativo no CRM, RQE (Registro de Qualificação de Especialista) como oftalmologista e se é membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica Ocular (SBCPO)”, afirma.

O tempo de experiência e o compromisso com resultados naturais e seguros também são fatores que devem ser levados em consideração. Segundo a Dra. Samira, a decisão não deve se basear em preço ou popularidade nas redes sociais.

“A escolha não deve se basear em preço ou popularidade nas redes sociais, mas na formação médica, experiência comprovada, relatos reais e resultados reais de procedimentos cirúrgicos, com atenção à possibilidade de manipulação de imagens”, adverte a médica.

E conclui: “Um bom profissional explica os riscos e benefícios reais da cirurgia de forma clara, solicita avaliação pré-operatória adequada, realiza os procedimentos em local estruturado e acompanha o paciente após a cirurgia”.