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QUINTA-FEIRA, 6 DE DEZEMBRO DE 2018 - Horário 17:45

Projeto Teatro Cidadão oferece formação artística gratuita a jovens da periferia de São Paulo
Arte e Entretenimento /
A estudante Brenda Pereira, de 14 anos, nunca havia feito teatro. A oportunidade surgiu por meio do projeto Teatro Cidadão, realizado pelo Teatro Commune com apoio da Lei de Fomento ao Teatro da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo.

As oficinas gratuitas de teatro abriram novas perspectivas para Brenda. De menina tímida, ela se tornou comunicativa e passou a ter mais confiança em si própria. E descobriu que tem talento para interpretar. Atualmente, não sabe se quer ser atriz ou se investe na carreira militar, para a qual estuda em um cursinho preparatório.
Criado em 2005, o projeto Teatro Cidadão, que completa 13 anos, já capacitou cerca de 800 jovens para o teatro e para as artes do palco. Durante quatro meses, jovens de 14 a 27 anos de diversas comunidades periféricas e do Centro de São Paulo têm aulas gratuitas de interpretação, iluminação, sonoplastia, produção cultural, cenografia, adereços, comunicação e figurino.

"Nosso objetivo é formar jovens cidadãos dentro do universo teatral e ajudar na profissionalização destes jovens, para que possam aprender novas habilidades, gerar renda própria e ingressar no mercado de trabalho", diz Augusto Marin, ator, diretor e gestor do projeto e do Teatro Commune. "É uma produção inclusiva e sustentável alinhada à educação, visando não só a qualificação profissional, mas também o desenvolvimento humano integral e o exercício da cidadania. Estimulamos o trabalho em equipe e a autonomia num dos setores que mais cresce no mundo que é o da cultura e do entretenimento. " Para Marco Antônio Braz, diretor da montagem, o projeto tem uma importância fundamental por apresentar o teatro e suas vertentes a pessoas que não teriam condições materiais de ter acesso a este conhecimento.

MONTAGEM E APRESENTAÇÃO DE MORTE E VIDA SEVERINA

O curso termina sempre com a apresentação de uma peça. São os alunos que escolhem o tema, ajudam na montagem e atuam. Este ano, o grupo tem nove alunos e o espetáculo escolhido foi uma adaptação do poema Morte e Vida Severina, do poeta pernambucano João Cabral de Melo Neto. A direção e a adaptação são do diretor teatral Marco Antônio Braz.

O clássico poema, lançado em 1955, conta a história de Severino e sua saga em fugir da fome, da miséria e da violência do sertão nordestino. Retrata a trajetória dele em direção ao mar, onde acredita poder ter melhores condições de vida. Apesar de todo o sofrimento encontrado durante a jornada, ao cruzar com outros "severinos" que tem vida semelhante à sua, o poema termina de forma positiva. O nascimento de uma criança faz com que Severino reencontre o sentido da vida. "João Cabral finalizou o poema de modo alegre, já que o nascer de uma criança nos resgata de nossos conflitos e nos lembra que a vida continua", diz Braz.

Na adaptação, o poema ganha versão atual e urbana ao ser recitado em forma de rap. " A graça foi encontrar esse filtro contemporâneo. Os alunos o trouxeram a partir de suas vivências e culturas. Nele, cria-se a relação entre o rap e o repente". A adaptação também amplia o conceito do texto do poema. "Queremos mostrar que estamos todos caminhando no deserto da vida, à procura de uma utopia ou de um descanso final, seja no sertão ou na cidade", afirma Braz.

A cena urbana é retratada no cenário e no figurino criado por Telumi Hellen. "Optamos pelo espaço atemporal da caixa preta, sem horizonte, somada às cadeiras pretas que configuram lugares por onde o Severino vem encontrando outros severinos, na aridez da cidade, nas injustiças contra o povo", explica Telumi Hellen. Ela conta que o grupo também optou por roupas que retratassem os severinos urbanos, em tons de cinzas da dureza do concreto, sem gênero ou acessórios fashionistas. "Um figurino que representa a objetificação do humano e sua resistência pela identidade, expressada pela voz do coro através do rap".

SERVIÇO:

Espetáculo: Morte e Vida Severina de João Cabral de Melo Neto
Quando: Sexta (14/12) às 20h | Sábado (15/12) às 19h e às 21h |Domingo 16/12 às 19h30
Onde: Teatro Commune
End.: Rua da Consolação, 1218 (ao lado do metrô Higienópolis Mackenzie) .
Mais informações: (11) 3476-0792 - 97665-2205 (Falar com Augusto Marin)
Site: www.commune.com.br


Ficha Técnica
Elenco: Dom Capelari, Richard Lucas, Paulo Eduardo, Guilherme Monção, Gabriel de Barros, Brenda Vitória, Nailton Mota, Beatriz Faina, Mayara Nagy, Paulo Dantas (musica).

Monitores: Gabriel Max e Anderval Areias

Sonoplastia: Paulo Dantas
Montagem: Manoel Cabral
Iluminação: Agnaldo Nicoleti, Éder Pires e alunos
Cenários, Figurinos e Adereços: Telumi Hellen e Alunos
Design: Rony Costa
Foto e Vídeo: Jamil Kubruk
Estagiárias: Tatiana Teixeira, Brigite Shiroma e Thaís Hernandes
Ass. de Imprensa: Regina Terraz
Produção: Roselaine Araujo
Administração: Silvia Luvizotto
Direção: Marco Antonio Braz
Assistente Direção: Gabriel Max
Coordenação Geral: Augusto Marin
Realização: Teatro Commune


Website: http://www.commune.com.br
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