RELEASES EMPRESARIAIS

QUARTA-FEIRA, 2 DE OUTUBRO DE 2019 - Horário 11:18

Entrevistas de Todorov demarcam seu percurso intelectual
Educação / Quando ouviu falar no filósofo e ensaísta Tzvetan Todorov pela primeira vez, a jornalista Catherine Portevin tinha 18 anos e estava na Sorbonne. Conhecera a face de velho linguista do autor e pensara que ele já havia morrido. Em seguida, topou com o búlgaro por meio da vizinha, que o tratava como historiador original - pensou que pudesse ser seu filho. Por fim, quando o viu numa entrevista na televisão, sentenciou: "deve ser seu neto". "Rendi-me à evidência de que a pequena família que imaginara cabia em um único e afável homem", escreve no prefácio de Deveres e deleites: uma vida de passeur - entrevistas com Catherine Portevin, lançamento da Editora Unesp e da Imprensa Oficial.

A série de entrevistas, concedidas entre março e outubro de 2001, tem a missão de lançar luz sobre o homem e sua obra, passeando pelos temas que lhe são caros, como a crítica literária e a semiótica, além de explorar o processo que levou à concepção de grandes obras, como A conquista da América, Nós e os outros e Diante do extremo. Nota-se, sobremaneira, que a experiência pessoal forja boa parte da prolífica produção de Todorov, embalada numa profunda sensibilidade ao mundo que o cerca. "Só me dei conta a posteriori - que em parte eu continuava a ser um sujeito de país comunista, um tanto surdo em relação ao mundo que me cercava", conta. "Foi preciso que o Muro caísse, que Jivkov fosse derrubado, para que eu, apesar de viver na França há 26 anos, me sentisse liberto. Foi naqueles anos que pude conceber Diante do extremo."

"Que profissão eu deveria colocar em meu cartão de visitas: historiador, antropólogo, filósofo? Prefiro não escolher", reflete Todorov. "Não me reconheço na filosofia pura, não domino bem essa postura, não fico à vontade no discurso inteiramente abstrato. A antropologia filosófica me convém melhor, mas ela não existe como disciplina autônoma. Historiador, talvez, com a condição de incluir no objeto da história a vida moral, a vida estética. Em certa época, eu dizia que queria buscar o "sentido moral" da história." Talvez Todorov seja um intelectual inclassificável. Segundo ele, provavelmente "humanista" seja o único rótulo que lhe caberia em qualquer época de sua vida como pesquisador e escritor. Neste livro, o leitor terá a oportunidade de conhecer como o próprio autor pensava sua obra e avaliava os elementos biográficos que teriam contribuído para suas escolhas intelectuais.

Sobre o autor - Nascido na Bulgária, em 1939, Tzvetan Todorov radicou-se na França em 1963. Filósofo, historiador, crítico literário, é autor de dezenas de obras. Sua trajetória intelectual é permeada pela multiplicidade temática. Inscreve-se entre os expoentes surgidos no século XX no campo das ciências humanas. Faleceu em 2017, em Paris. De sua obra, a Editora Unesp já publicou Teoria da literatura: textos dos formalistas russos (2013), Simbolismo e interpretação (2014), A vida em comum: ensaio de Antropologia geral (2014), Teorias do símbolo (2014), Crítica da crítica (2015), Diante do extremo (2017), Os gêneros do discurso (2018), Poética da prosa (2019) e Relatos astecas da conquista (organização, em parceria com Georges Baudot, 2019).

Título: Deveres e deleites: uma vida de passeur - entrevistas com Catherine Portevin
Autor: Tzvetan Todorov
Tradução: Nícia Adan Bonatti
Número de páginas: 476
Formato: 14 x 21 cm
Preço: R$ 82,00
ISBN: 978-85-393-0789-0

Mais informações sobre os livros publicados pela Editora Unesp estão disponíveis no site: www.editoraunesp.com.br

Website: http://www.pluricom.com.br/clientes/fundacao-editora-da-unesp/noticias/2019/09/entrevistas-de-todorov-demarcam-seu-percurso-intelectual
© 2014 Todos os direitos reservados a O Globo e Agência O Globo. Este material não pode ser publicado, transmitido por broadcast, reescrito ou redistribuído sem prévia autorização.