Essas cidades na~o passam de miragem na realidade brasileira, onde so´ 1% da distribuic¸a~o de energia ele´trica e´ feita por redes subterra^neas. Os i´ndices variam: estima- se que, em Belo Horizonte, o percentual seja de 2%; em Sa~o Paulo, de 10%; no Rio de Janeiro, 11%. Os 400 quilo^metros de rede subterra^nea de Porto Alegre correspondem a 9,2% de todo o sistema da capital gau´cha.
Na visão do Engenheiro Juliano, a opc¸a~o por sistemas ae´reos no Brasil deveu-se a`s grandes dimenso~es do pai´s e tambe´m devido o cabeamento por meio de postes, fios e transformadores expostos custar mais barato. Nas u´ltimas de´cadas, a maior parte dos casos de migrac¸a~o para a rede subterra^nea esta´ relacionada a` tentativa de modernizac¸a~o de regio~es e tem relac¸a~o com o aumento abrupto da demanda por energia ele´trica. So´ que, ao fazer a mudanc¸a, segundo o engenheiro, optou-se pelo padra~o de cidades norte-americanas e canadenses, o chamado Network. Esse sistema em malha reticulada comec¸ou a ser implantados por volta dos anos 1960 no pai´s e teve pouca expansa~o devido aos altos custos.
“Ele tem confiabilidade excelente, como a rede de Nova York, por exemplo. Pore´m, o prec¸o e´ alto. Todo mundo entendeu que era muito caro e na~o caminhamos para outras alternativas. ”, explica Juliano.
Com uma lei de 2005, a cidade Sa~o Paulo obriga concessiona´rias, empresas estatais e operadoras de servic¸o a enterrarem o cabeamento de rede ele´trica, telefonia, TV e afins instalado no munici´pio. Desde a aprovac¸a~o da legislac¸a~o, entretanto, pouco foi feito. Projeto aprovado durante a gesta~o do prefeito Joa~o Doria previa que 2.109 postes fossem retirados ate´ o final de 2018. Mas o prazo na~o foi respeitado e a meta foi adiada para o final de 2020. Caso seja cumprida, a previsa~o e´ de que o percentual de fiac¸a~o subterra^nea de Sa~o Paulo atinja 17%. Conforme Juliano, mesmo na cidade de Sa~o Paulo ha´ apenas “soluc¸os” de rede subterra^nea:
– Fez-se o enterro em vias importantes, como as avenidas Nove de Julho e Rebouc¸as e a Rua Oscar Freire, com iniciativas privadas. Na~o temos, no Brasil, consiste^ncia para expandir essa rede. Nenhuma concessiona´ria tem planos de enterramento hoje.
Juliano defende que cabe a`s prefeituras atuarem na interlocuc¸a~o entre os setores envolvidos em projetos de migrac¸a~o de redes ae´reas para subterra^neas, como forma de reduzir o impacto na mobilidade e na busca por projetos que integrem servic¸os no mesmo projeto. Isso devido envolver diferentes empresas, como de telecomunicac¸o~es, televisa~o a cabo e concessiona´rias de energia ele´trica.
“A prefeitura tem que liderar e ser o agente integralizador, porque inclusive as reside^ncias precisam fazer adequac¸o~es em seus centros de medic¸o~es. A obra mais pesada e´ da concessiona´ria de energia, mas todo mundo tem de trabalhar junto. ”, sugere ele.
Juliano defende ainda que prejui´zos econo^micos acarretados pela falta de luz devem nortear a troca do modelo e na~o apenas o embelezamento das cidades: