
A pandemia provocada pelo vÃrus COVID-19, vem causando danos humanos, econômicos e sociais sem precedentes. Por isso, é uma condição particular de estresse que impacta nossa saúde mental, desorganiza as economias e aumenta o risco de desenvolvimento de transtornos mentais. Foi um ano desafiador, em que as pessoas precisaram se reconectar e reaprender para dar sequência nos planos e projetos. Quem estava acostumado todo fim de semana a estar com a famÃlia ou curtir momentos com os amigos, teve que recuar e mudar a rotina, fazendo esses encontros online. Situações como toque de recolher, evitar aglomeração, adaptar seu trabalho ou estudo no Home Office, absolutamente tudo foi novo e que gerou inúmeros incômodos, afinal não estávamos prontos para este “novo normal.
Em um perÃodo sem precedentes como este, nada mais justo e sensato do que ouvir o seguinte ditado: quando estamos diante de uma ameaça à vida, ativamos o mecanismo de luta ou fuga. E, esse mecanismo herdado dos nossos mais remotos antepassados, se traduz hoje numa palavra corriqueira: medo.

Os resultados da pandemia começaram a surgir por meio das dificuldades com a necessidade da redução e distanciamento do contato fÃsico. Para nós brasileiros não é nada fácil deixar de se abraçar e de se tocar. É difÃcil mudar comportamentos, mas precisamos nos policiar para evitar os abraços e beijinhos. A primeira reação é de estresse agudo relacionado com a pandemia que ocasiona uma circunstância súbita e inesperada.
Segundo o psicólogo Vicente Melo, existem diversas estratégias para ressignificar os sentimentos negativos por conta da pandemia, tornando esse perÃodo mais leve e atrativo para a nossa saúde mental. “Estamos em um momento destinado para que as pessoas falem e que sejam escutadas ou acolhidas. Muitos dos meus pacientes dizem que não encontraram na famÃlia ou no cÃrculo de amigos, pessoas que escutem suas queixas seus problemas, isto é, escutar o que eles têm a dizer, sem julgamentos. O instrumento de trabalho de um psicólogo é a fala e a escuta, então se eu posso propiciar ao meu paciente uma escuta qualificada, uma escuta de aceitação do que ele está trazendo falar.â€

Problemas ocasionados pelo isolamento, conflitos familiares potencializados pela quarentena, ansiedade, crises de pânico, medo de perder entes queridos ou dificuldades por causa do trabalho têm mexido com a saúde mental da população. Por outro lado, cada vez mais profissionais têm se voluntariado para ouvir e ajudar aqueles que, muitas vezes, só precisam ser acolhidos e desabafar, mesmo que de forma remota. Seja por WhatsApp, Skype, Facebook ou pelo próprio telefone, a terapia à distância se tornou um serviço essencial tanto para usuários dos métodos presenciais quanto para quem tem sofrido com os sintomas causados por esse perÃodo de crise.
O psicólogo ainda ressalta que, um processo que o chamou muita atenção neste momento pandêmico, é o fato de que muitas pessoas não conseguiram dar conta da relação com elas mesmas (Eu-eu). “Nossa sociedade parece estar sempre buscando se relacionar com o externo (Eu- Tu), como se a relação com si próprio não fosse um lugar habitávelâ€.